Bem sei que este bichinho não reúne a simpatia da maior parte das pessoas, no entanto as aranhas são seres fantásticos e desempenham um papel extremamente importante no equilíbrio dos ecossistemas e no controlo das populações de outros insectos. E embora sejam venenosas, a verdade é que as espécies que podemos encontrar em Portugal são inofensivas, não só porque o veneno é demasiado fraco para nos fazer mais do que uma ligeira comichão, mas também porque as suas quelíceras são demasiado curtas e fracas para penetrar a nossa pele.
Eu acho-os seres fantásticos e belos!
Em Setembro último fui a um casamento na zona centro do país e descobri que o jardim do restaurante estava "cheio" de exemplares de Araneus diadematus, uma espécie muito comum em várias zonas da Europa. A maior parte das pessoas nem se apercebeu da sua presença, outras, tendo-se apercebido, fizeram-lhes má cara e procuraram manter-se longe delas, apenas uns poucos se deliciaram a apreciá-las.
Algumas crianças, apesar de terem mantido a distância, divertiram-se a atirar-lhes folhas para a teia, o que acabou por nos proporcionar a observação de um comportamento muito interessante. Embora na altura em que as folhas caíram na teia se tivessem mantido imóveis (bem, algumas foram de tal forma bombardeadas que trataram de fugir e de se esconder), alguns minutos depois foram fazer a limpeza, cortando a teia à volta de cada folha e deixando-a cair para o chão, para depois reconstruírem as partes destruídas da teia. Muito interessante de ver!

A característica distintiva desta espécie é o padrão de manchas em forma de cruz. Curiosamente podem apresentar várias cores distintas, desde o quase branco até ao quase preto. As próximas fotos são exemplo disso mesmo, apesar da grande diferença na coloração são ambas desta mesma espécie.


Estas fotos foram todas feitas no mesmo local, todos os exemplares são fêmeas (os machos são mais pequenos) e estão assim "grandinhas" (cerca de um centímetro de corpo e uns três centímetros se incluirmos as pernas) porque naquela altura do ano (Setembro) estavam quase na altura da postura dos ovos.
Outro facto curioso acerca desta espécie é que em 1973 duas exemplares, baptizadas de Arabella e Anita, foram levadas para o espaço como parte de uma experiência.
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